77 anos da Nakba. Mobilizemo-nos a nível mundial contra o genocídio e as tentativas de limpeza étnica

14 de Maio, 2025
5 mins leitura

Por UIT-QI

Israel está a tentar acabar a limpeza étnica que levou a cabo entre 1947 e 1948, com a destruição de 370 aldeias e a expulsão de cerca de 750.000 palestinianos, de um total de 1,5 milhões que habitavam a Palestina.

77 anos depois da Nakba (15 de maio de 1948), ou ‘catástrofe’, várias organizações estão a promover uma ação global de apoio ao povo palestiniano, que decorrerá nos próximos dias, culminando na quinta-feira, dia 15, em que se realizarão mobilizações e eventos em todo o mundo. Da Unidade Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional (UIT-QI), juntamo-nos a esta jornada mundial em defesa do heroico povo palestiniano, contra o fornecimento de armas a Israel e o genocídio, e a tentativa do criminoso Netanyahu, com o apoio do extrema-direitista Donald Trump, de anexar Gaza, matando e expulsando palestinianos.

Também nos juntaremos, no próximo mês de junho, à ‘Marcha para Gaza’, convocada pela Coligação Global Contra a Ocupação da Palestina, uma atividade que já foi subscrita por organizações de mais de 25 países, e que visa realizar uma mobilização de massas em Rafah, na fronteira do Egito com Gaza, para exigir a entrada de ajuda humanitária. 

A Unidade Internacional de Trabalhadoras e Trabalhadores – Quarta Internacional (UIT-QI), desde o início da agressão sionista a Gaza, tem estado incondicionalmente ao lado do povo palestiniano. Este apoio não foi apenas político, mas materializou-se também sob a forma de dinheiro, alimentos, água e medicamentos. Juntamente com outras organizações, a nossa secção no Estado espanhol, Luta Internacionalista (LI), já enviou 12 pacotes de ajuda para o norte de Gaza.

Israel está a alimentar a fome para subjugar os habitantes de Gaza

O genocídio, que a entidade sionista perpetra há mais de um ano e meio, e que já custou a vida a cerca de 52 mil palestinianos, na sua maioria crianças e mulheres, deu um salto em frente com a recusa de Israel em permitir a entrada de ajuda humanitária em Gaza, e a consequente intensificação dos bombardeamentos desde 18 de março, data em que a entidade sionista rompeu unilateralmente o cessar-fogo, recusando-se a passar à segunda fase do precário acordo assinado com o Hamas em janeiro deste ano.

Desde 2 de março, o governo criminoso de Netanyahu, e os seus aliados de extrema-direita, mantêm um bloqueio à faixa, impedindo a entrada de alimentos, água, combustível, medicamentos e outros recursos. Israel está a usar a fome como arma de guerra, tentando quebrar o povo de Gaza.

Atualmente, Gaza vive uma crise sem precedentes. Os 2 milhões de habitantes do enclave estão à beira da fome, e a vida de 65.000 crianças está em sério risco. Todas as padarias estão fechadas há mais de 40 dias, e organizações humanitárias, como a World Central Kitchen, que distribuem alimentos, cessaram as suas atividades devido ao esgotamento dos abastecimentos e do combustível.

À falta de alimentos junta-se a falta de medicamentos, de água potável e de eletricidade, o que conduz a um aumento das doenças infecciosas, num território onde os hospitais e as clínicas foram destruídos pelos bombardeamentos do exército sionista.

Israel está a propor um novo plano para permitir a entrada de ajuda humanitária. O plano, acordado conjuntamente com os EUA, implicaria a criação de vários pontos de entrega na área, sob controlo militar israelita em Rafah, a sul de Gaza, envolvendo contratantes de segurança privados e agências humanitárias. O exército sionista controlaria o acesso à ajuda humanitária. Este plano seria posto em prática assim que a ofensiva planeada começasse, após a visita de Trump à Arábia Saudita, ao Qatar e aos Emirados Árabes Unidos, de 13 a 16 de maio, e após a expulsão em massa de pessoas do norte e do centro da faixa para o sul.

Um novo passo na direção da limpeza étnica

Há dias, Netanyahu anunciou uma nova ofensiva, mais ampla e mais intensa, em Gaza, afirmando: “Uma coisa será clara: não haverá entradas e saídas. Vamos chamar as reservas para virem, manter o território – não vamos entrar e sair da área, para depois efetuarmos incursões. Não é esse o plano. A intenção é a oposta”, o que significa que tenciona ficar. O chefe do exército, Eyal Zami, foi mais explícito: “O plano incluirá, entre outras coisas, a conquista da Faixa de Gaza e a manutenção dos territórios, deslocando a população de Gaza para Sul para sua proteção”. Deixaram de usar eufemismos e dizem claramente quais são os seus verdadeiros objectivos: tomar toda a Faixa de Gaza e expulsar a sua população, ou seja, continuar a limpeza étnica que começou há 77 anos.

Bezalel Smotrich, o ministro das Finanças de extrema-direita, confirmou o plano de Netanyahu em termos brutais: “Estamos a ocupar Gaza para ficar”… “Vamos finalmente conquistar Gaza. Já não tememos a palavra ‘ocupação'”… “Temos de dizer a verdade, o regresso dos reféns não é o mais importante”.

O jornal israelita Haaretz teve acesso a um documento governamental que detalhava os planos. Os objectivos centrais seriam a derrota militar do Hamas, a liquidação do seu governo e o controlo operacional do território, a deslocação da população de Gaza e, finalmente, a libertação dos reféns.

Netanyahu, encorajado pelo apoio de Trump, pouco se importa com os reféns. O seu objetivo é conquistar todo o território de Gaza e consumar a limpeza étnica, expulsando os palestinianos das suas terras e casas. Não está nos seus planos chegar a um acordo com a resistência palestiniana, que signifique o fim da guerra, pois isso poderia significar o fim do seu governo e a sua morte política.

Esta nova ofensiva militar apenas demonstra o fracasso do exército sionista que, após mais de um ano e meio de agressão, não conseguiu atingir os seus objectivos iniciais. O povo de Gaza, apesar dos bombardeamentos e do cerco, continua a resistir heroicamente e, apesar dos golpes sofridos, as organizações da resistência continuam a enfrentar a agressão sionista de armas na mão.  

Continuemos a promover a mobilização mundial em apoio ao povo palestiniano

Da parte da UIT-QI dizemos que, para derrotar a tentativa de limpeza étnica e de ocupação de Gaza, temos de continuar a mobilização dos povos do mundo. Em todo o mundo, milhões de pessoas juntar-se-ão às marchas e acções no âmbito do Dia Mundial da Palestina, no aniversário da Nakba. Já em Madrid, a 10 de maio, cerca de 80.000 pessoas mobilizaram-se ao grito de “Não é uma guerra, é um genocídio”, exigindo o fim da venda de armas a Israel.

Exigimos que os governos árabes e do Médio Oriente rompam todas as relações com Israel e que apoiem as organizações da resistência palestiniana em Gaza e na Cisjordânia, com armas e todo o tipo de recursos. Defendemos um cessar-fogo imediato, a retirada de todas as tropas israelitas de Gaza, da Cisjordânia, da Síria e do Líbano. Rejeitamos a limpeza étnica promovida por Trump e Netanyahu, bem como o bombardeamento do Iémen pelos EUA e Israel. Exigimos a abertura imediata dos postos de fronteira para garantir a entrada de alimentos, medicamentos, combustível e água, e o restabelecimento da eletricidade. Rejeitamos o plano de Israel e de Trump de militarizar e privatizar a entrega de ajuda humanitária.

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