Temos que sair à rua em defesa da habitação, do salário e da necessidade de ter independência financeira. Isto é lutar pelo tabelamento das rendas, aumento de salário e garantir que o cabaz alimentar básico é acessível.
Não podemos negar os grandes avanços da nossa luta e as mudanças que provocamos nos últimos anos. De Stonewall aos dias de hoje, conseguimos existir fora das prisões e becos escuros, avançamos para as ruas e para a luz do dia.
Foram concedidos vários direitos neste regime democrático, não sem a luta da nossa força. Direito a existir, direito à família, igualdade de direitos e uma aceitação social que, na generalidade, ou ignora a nossa presença ou limita-se aos maus olhares. Esta aceitação, como sabemos, é uma imagem superficial da realidade; ainda não ultrapassamos grandes agressões à comunidade por completo.
A terapia de conversão permanece legal e praticada – submetendo pessoas LGBT ao trauma –, descriminação, violência e insultos são uma experiência que todos partilhamos na comunidade.
Mais, a legitimação da extrema-direita e dos seus discursos de ódio tem galvanizado um setor a partir para ações mais violentas contra a comunidade. Este ano, várias marchas do orgulho foram atacadas por grupos de extrema-direita.
Apesar disso, em Portugal o número de marchas LGBT e celebrações à nossa identidade explodiu. Temos que transformar esta força e somá-la em algo que está ainda por conquistar.
Ainda sofremos violência e descriminação no SNS, onde não existem meios nem preparação que atenda às nossas necessidades, em particular para as pessoas trans. Nós não estamos contra os profissionais da saúde, trata-se antes de um problema sistémico de desinvestimento no SNS e privatização da saúde. Temos que estar com os profissionais de saúde na defesa do SNS, porque só a saúde pública pode realmente responder às necessidades de toda a população. Somos contra a privatização do SNS e a transferência do orçamento de estado para os privados. Defendemos a integração de serviços de acompanhamento a (*) que existem apenas em clínicas privadas. União e solidariedade com os profissionais de saúde para salvarmos o SNS e reconstruir um Serviço capaz, eficaz e gratuito para todes.
O ensino público que não consegue preparar os jovens para a vida adulta, nem sequer consegue professores para todos os estudantes, havendo, na reta final do ano letivo, um assombroso número de alunos sem professores a pelo menos uma disciplina. Temos que nos juntar aos profissionais da educação. Se não existir ensino público que atenda à preparação dos jovens para a sociedade não vão ser as escolas privadas e religiosas – que vendem escolaridades – que vão superar o preconceito e falta de informação da vida sexual adulta. Temos de lutar pela requalificação da carreira de todos os profissionais de educação. Dotar as escolas de psicólogos e acompanhamento efetivo aos jovens, para além de atualizar o programa de educação sexual que versado em segurança e saúde baseadas na medicina atual como também a individualidade e orientação fundadas em psicologia.
A crise na habitação, em conjunto com a estagnação salarial – para não dizer desaparecimento salarial –, prende os jovens às famílias por necessidade económica. Isto significa que muitos jovens queer ficam obrigados a manter-se pelo menos parcialmente no armário, assistimos ainda jovens expulsos da casa dos pais. Temos que sair à rua em defesa da habitação, do salário e da necessidade de ter independência financeira. Isto é lutar pelo tabelamento das rendas, aumento de salário e garantir que o cabaz alimentar básico é acessível.
Levar a nossa luta aos trabalhadores que, tal como nós, precisam de um SNS capaz; aos profissionais do ensino na batalha diária de suster a escola pública; e a todos que trabalham incontáveis horas, em empregos precários. Garantida é uma coisa: que quando nos juntamos por solidariedade aos trabalhadores estes também se vão juntar a nós nas nossas marchas. Vão saber que como estamos nós com eles, na sua luta, também eles estarão connosco.