EUROPEIAS 2024: POR UMA EUROPA VERDE E SUSTENTÁVEL

1 de Junho, 2024
4 mins leitura

A política de “capitalismo verde” europeia é apenas uma tentativa de manter o status quo económico, promovendo soluções superficiais e centradas no lucro, em vez de abordar as raízes estruturais do problema.

Ao contrário do propagandeado, a política da UE para o combate às alterações climáticas é pautada pela insuficiência das medidas adotadas para combater eficazmente o aquecimento global. A política de “capitalismo verde” europeia é apenas uma tentativa de manter o status quo económico, promovendo soluções superficiais e centradas no lucro, em vez de abordar as raízes estruturais do problema. As políticas atuais são insuficientes para atingir as metas de redução de emissões de gases de efeito estufa estabelecidas nos Acordos de Paris e evitar os piores impactos das alterações climáticas. O “capitalismo verde”é uma estratégia para manter o crescimento económico e a competitividade industrial dos países centrais como a Alemanha, ao mesmo tempo que perpetua as desigualdades na cadeia de produção europeia e perpetua a dependência de recursos naturais finitos.

Veja-se o caso da produção de veículos elétricos, projecto de charneira do imperialismo alemão, em que os países periféricos da europa como Portugal ou países em desenvolvimento como a Bolívia são relegados ao papel de fornecedores de matérias-primas com as devidas consequências. A extração de lítio, um elemento-chave na produção de baterias para veículos elétricos, traz vários impactos ambientais e sociais. A mineração de lítio resulta na degradação de ecossistemas frágeis, deslocamento de comunidades locais e contaminação da água e do solo. Enquanto isso, a Alemanha posiciona-se como líder em tecnologias “verdes” e lucra com a fabricação e venda dos produtos de maior valor acrescentado como as baterias e os carros, perpetuando as desigualdades de poder e riqueza, em vez de promover uma transição justa e equitativa para uma economia de baixo carbono.

  • É necessário adotar uma abordagem radical e transformadora, que enfrente as raízes estruturais da crise climática como a forma de produção capitalista e promova uma transição justa e equitativa para uma economia sustentável.
  • Não às mega-explorações mineiras

DAR RESPOSTA AO MUNDO RURAL

A revolta dos agricultores por toda europa mostra o estado de um sector fundamental para a vida humana e é o elo por onde as contradições da UE se tornam evidentes. Os pequenos produtores são esmagados entre a dependência de insumos da indústria agroquímica, como fertilizantes e sementes transgênicas e a concentração do poder de mercado nas mãos das grandes cadeias de distribuição. Tudo isto tem um impacto devastador sobre os pequenos produtores, que muitas vezes são forçados a endividar-se e a vender seus produtos a preços abaixo do custo de produção. É esse desespero que se tem manifestado bloqueando estradas e paralisando cidades. Estes protestos têm sido encabeçados pela pequena burguesia e sem a participação dos trabalhadores assalariados da grande agro-pecuaria, que que são em grande parte emigrantes e cujos trabalhos são altamente precários e mal pagos com muitas situações de trabalho ilegal e até de escravatura.

A luta dos agricultores, na maior parte das vezes em disputa por financiamento, são muitas vezes canalizados contra os produtores de outros países e em defesa da desregulação ambiental e sanitária no sector em nome da competitividade. Podemos dizer que os pequenos agricultores acabam por sair à rua com o programa dos mega produtores, expressando-se pela disputa dos dinheiros da PAC que em última instância beneficia maioritariamente os grandes.

A distribuição dos pagamentos diretos da PAC beneficia desproporcionalmente grandes agricultores e proprietários de terras, em detrimento dos pequenos agricultores e da agricultura familiar. Isso resulta numa distribuição injusta dos subsídios agrícolas e contribui para a concentração de terras. Além disso, a PAC promove práticas agrícolas intensivas que causam danos ambientais significativos, como a erosão do solo, a perda de biodiversidade, a contaminação da água e o uso excessivo de pesticidas e fertilizantes. Isso vai contra os objetivos de sustentabilidade ambiental da própria UE e compromete a resiliência dos ecossistemas agrícolas. Esta política não contribui adequadamente para mitigar as mudanças climáticas, uma vez que subsidia práticas agrícolas intensivas e a pecuária intensiva, que são grandes emissores de gases de efeito estufa, em detrimento de agricultura sustentável e de baixo carbono. A PAC promove uma agricultura orientada para o mercado e baseada na maximização dos lucros, em vez de promover a segurança alimentar e a qualidade dos alimentos. Isso resulta em uma desconexão entre a produção agrícola e as necessidades alimentares da população, contribuindo para o desperdício de alimentos e para a insegurança alimentar.

  • Fim dos apoios à grande distribuição e à grande agro-pecuária
  • Regular o poder de mercado da indústria agroquímica e da grande distribuição, principalmente o seu impacto sobre os pequenos agricultores garantindo preços justos e condições de trabalho dignas.
  • Busca pela autonomia e soberania alimentar deve ser uma prioridade, visando reduzir a dependência de importações de alimentos e fortalecer a produção local e regional. Isso inclui incentivar a diversificação das culturas, apoiar os mercados locais e promover o consumo de produtos locais e sazonais.
  • Incentivar a agroecologia e o uso de métodos de produção sustentáveis, reduzindo assim a dependência de insumos químicos e promovendo a saúde do solo e dos ecossistemas.
  • Apoio financeiro e técnico aos pequenos produtores para ajudá-los a enfrentar os desafios da produção agrícola, incluindo acesso a crédito, formação profissional e assistência técnica. Além disso, é importante promover a organização e a cooperação entre os agricultores, fortalecendo assim sua capacidade de negociação e sua resiliência frente às pressões do mercado.
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