As Eleições Europeias têm, como pano de fundo, o aprofundamento da crise económica, o crescimento da extrema-direita, a guerra na Ucrânia e o genocídio em Gaza – co-financiado pela própria União Europeia.
As Eleições Europeias têm, como pano de fundo, o aprofundamento da crise económica, o crescimento da extrema-direita, a guerra na Ucrânia e o genocídio em Gaza – co-financiado pela própria União Europeia.
Em Portugal, temos um novo governo liderado pelo PSD, que aplica a política indicada pela União Europeia de governar para os grandes grupos económicos, privatizar mais rapidamente os serviços públicos, e apoiar Israel e o genocídio dos palestinianos.
O parlamento europeu é o único órgão da União Europeia que é eleito diretamente pelos europeus, mas não tem um real poder legislativo. Isto é assim propositadamente, porque quem manda na União Europeia não são os trabalhadores da Europa, mas sim os grandes empresários da Alemanha e França.
Infelizmente, nestas eleições, não há uma verdadeira alternativa às políticas que vêm sendo aplicadas pelos sucessivos governos PS/PSD, a mando da UE. Não há uma candidatura que compreenda que a Europa não pode ser reformada, mas que defenda um projeto de uma Europa dos trabalhadores e dos povos, que coloque fim à Europa fortaleza, conquiste um sistema social e económico em benefício dos interesses da maioria da população e, nesse processo, construa uma comunidade de povos europeus verdadeiramente verde e sustentável.
No entanto, o crescimento da extrema-direita no Parlamento Europeu será uma forma de aprofundar ainda mais os ataques aos trabalhadores, aos migrantes e às minorias, aumentando a exploração e opressão.
Lutar nas ruas contra a extrema-direita
É provável que a extrema direita ganhe as eleições europeias em Itália, França, Países Baixos, Hungria, Áustria, Bélgica, República Checa, Polónia e Eslováquia e que fique em segundo ou terceiro lugares em Portugal, Alemanha, Espanha, Bulgária, Estónia, Finlândia, Letónia, Roménia e Suécia.
A ascensão da extrema-direita na Europa e o seu previsível crescimento no Parlamento Europeu deve ser analisada dentro do contexto mais amplo de um sistema capitalista em crise e das contradições sociais e políticas que daí emergem. Assim, este fenómeno é uma manifestação da profunda crise do sistema capitalista, que gera desigualdades socioeconómicas, precarização do trabalho e exclusão social.
Como a história nos ensina, em momentos de crise as forças reacionárias tendem a fortalecer-se, explorando o medo e a insegurança da população para promover uma agenda de ódio, xenofobia e autoritarismo. No entanto, o crescimento da extrema-direita é também sinal da crise da esquerda reformista que, depois de iludir os trabalhadores com o apoio a governos dos patrões e das elites, não se consegue afirmar como uma alternativa ao sistema, deixando esse espaço para ser ocupado pela demagogia das forças reacionárias.
Mas a extrema-direita não passa de um instrumento da classe dominante para dividir e enfraquecer a classe trabalhadora, desviando a raiva e o descontentamento populares para longe das verdadeiras causas da crise e alimentando o nacionalismo e o chauvinismo. Ao promover a ideia de que os verdadeiros inimigos são os imigrantes e minorias étnicas, a extrema-direita procura desviar a atenção das políticas neoliberais e da exploração capitalista.
A luta contra a extrema-direita não se pode limitar à defesa da democracia liberal, como faz a esquerda parlamentar, mas deve ser parte de uma luta mais ampla pela transformação socialista da sociedade. Isso significa combater não apenas os sintomas da crise, mas também as suas causas estruturais, por meio da luta organizada, nos sindicatos e movimentos sociais, por uma alternativa de ruptura com o sistema capitalista.
Dia 9 de junho, o que fazer?
Nem os trabalhadores nem os povos podem esperar nada de bom da União Europeia. A União Europeia foi criada como um clube de Estados e governos capitalistas e é por isso que os povos não podem esperar que ela apoie os povos oprimidos. A UE não pode ser reformada. A nossa alternativa contra a União Europeia não é regressar à soberania dos antigos Estados, mas sim confrontar o projeto da UE com uma Europa dos trabalhadores e dos povos.
É por isso que apelamos aos trabalhadores e à juventude para que continuem a lutar contra os cortes sociais e pelas suas reivindicações em todos os países e em toda a Europa. E nas eleições europeias de 6 a 9 de junho, apelamos a não votar nos candidatos dos partidos capitalistas, sejam eles liberais, sociais-democratas ou de extrema-direita.
Na falta de uma verdadeira alternativa antissistémica, nas eleições europeias votamos contra a extrema-direita, contra as medidas de austeridade e contra a cumplicidade com o genocído em Gaza. Votamos também contra os atuais governos, dos mais moderados de fachada progressista aos mais autoritários, pela defesa dos salários e das pensões; pela defesa dos serviços públicos. Frente ao crescimento do conservadorismo, votamos pela defesa dos direitos democráticos, das mulheres e dos LGBTI.
É por isso que precisamos de uma alternativa à esquerda de pantufas, que tem necessariamente de ser construída todos os dias, nas lutas dos trabalhadores e das suas organizações por melhores condições laborais e de vida, das populações e dos ativistas que se mobilizam pelo direito à habitação e contra a mineração, a seca e outras consequências das alterações climáticas, e chamando também a juventude precária e sem perspectivas de futuro que se começa a organizar.