Pela Luta Internacionalista (LI), secção da UIT-QI no Estado Espanhol
É hora de aumentar a mobilização e sair em massa para a greve geral do dia 15, para impor um verdadeiro embargo de armas e uma ruptura das relações com o Estado genocida de Israel. Porque a agressão sionista contra o povo palestino não acabou, nem em Gaza, nem na Cisjordânia, nem na Palestina de ’48.
A assinatura da primeira fase do Plano Trump é uma trégua: libertação dos reféns, de quase 2000 prisioneiros palestinianos, a retirada do exército sionista de 47% do território de Gaza e a entrada de ajuda humanitária. Milhares de palestinianos saíram às ruas para celebrar o cessar-fogo e, imediatamente, centenas de milhares iniciaram o regresso para o norte. O plano de expulsão em massa anunciado por Trump em fevereiro, e ratificado por Netanyahu, tem de recuar perante a resistência palestiniana, o esgotamento militar sionista e o crescente isolamento internacional resultante de enormes mobilizações.
Os palestinianos respiram fundo, enquanto crescem os números da destruição e da morte causadas pela máquina assassina que recorreu a todos os crimes imagináveis. Netanyahu, incapaz de libertar os reféns pela força, tem de acabar por negociar com o Hamas. Trump, para quem o passar do tempo começa a criar problemas políticos, exige que Netanyahu dê um passo atrás na ofensiva e não perca a última oportunidade de que os reféns possam regressar a Israel. As tensões no seio do governo sionista voltam a aumentar: os parceiros de extrema-direita que sustentam o seu governo já rejeitaram o plano de Trump.
O plano de Trump, em três fases, é um ultimato para constituir um protetorado imperialista em Gaza: exige a rendição e o desarmamento da resistência, mais um desmembramento da Palestina com a separação política e administrativa de Gaza da Cisjordânia, e a constituição de um governo tutelado por Trump e Blair, com a presença de tropas internacionais, de países árabes e muçulmanos.
Na segunda fase, que será negociada quando a primeira for concluída, serão abordados o desarmamento da resistência, a saída das tropas israelitas da Faixa, a formação do governo e os planos de reconstrução. O Hamas, a Jihad Islâmica e a Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) já anunciaram que não se desarmarão, a menos que entreguem as armas a um governo palestiniano para criar o seu Estado palestiniano, e também que rejeitam um governo sob tutela estrangeira. Por seu lado, o governo sionista afirmou que não retirará as tropas sem o desarmamento completo da resistência palestina e que não contempla nenhum Estado palestiniano no futuro. Um esquema que nos lembra as fases do cessar-fogo de janeiro-março de 2025, que Netanyahu rompeu unilateralmente. Com a visita de Trump a Israel e ao Egito para assinar o acordo, será encenado, mais uma vez, que Israel hoje não é mais do que o 51º estado norte-americano erguido sobre a ocupação da terra palestiniana.
Enquanto toda a atenção está voltada para Gaza, Cisjordânia e Jerusalém, os colonos e o exército continuam a sitiar as aldeias palestinas com total impunidade e a expandir novos assentamentos. Onze mil prisioneiros e prisioneiras palestinianos estão amontoados em prisões de tortura, onde cresce o número de assassinatos. O campo de refugiados de Jenin, onde viviam mais de 20 mil palestinos, está hoje ocupado pelo exército israelita, que o utiliza como base de treino em combate urbano. Os milhares de deslocados, a quem não foi permitido levar nada das suas casas, vivem amontoados em espaços sem recursos. Os colonatos ilegais são rapidamente reconhecidos pelo governo.
É imprescindível continuar e aprofundar a mobilização
Por que agora o plano de Trump? O plano é apresentado como uma tábua de salvação para Netanyahu depois que a ONU encenou o maior isolamento internacional de toda a história de Israel, resultado direto da crescente pressão sobre os governos do movimento de massas mundial em solidariedade ao povo palestiniano, que exige que eles isolem os genocidas e seus cúmplices. O plano é apresentado quando expira o prazo que o governo israelita deu às suas tropas para conquistar a cidade de Gaza. Está longe de o conseguir, sem também poder libertar reféns, e há claras sinais de esgotamento e dificuldades em substituir as tropas sionistas.
Para que o plano tivesse credibilidade, era necessário que fosse apoiado pelo coro de países árabes e europeus que, dias atrás, boicotaram Israel, muitos deles tendo reconhecido o Estado palestiniano. E mais uma vez, começando por Sánchez e os xeques árabes, eles se curvaram como súbditos e saíram para aplaudir o imperador Trump. Com o Catar exausto, um novo ator entra em cena como principal interlocutor com o Hamas: o presidente turco Erdoğan, que tem seus próprios interesses na região.
Os reféns nunca foram garantia contra os ataques porque, desde o primeiro minuto, Netanyahu aplicou a Diretiva Hannibal, segundo a qual a prioridade era impedir que o inimigo fizesse prisioneiros, mesmo que isso custasse a vida deles. Por isso, as famílias dos reféns se manifestaram massivamente contra a política de guerra de Netanyahu e hoje agradecem a Trump e vaiam o Netanyahu.
Enquanto o povo palestino resiste, a nossa tarefa solidária continua a ser a de romper a teia de cumplicidades que sustentam o Estado de Israel e o seu genocídio. Os avanços nas posições dos governos foram fruto de mobilizações históricas em todo o mundo: a greve geral massiva de 3 de outubro em Itália foi muito importante. As enormes mobilizações dos dias 2 a 4 de outubro no Estado espanhol também foram em prol da liberdade dos membros da Flotilha sequestrados pelo Estado de Israel.
Nada está resolvido, nem mesmo que parem de lançar bombas sobre Gaza ou que cessem os roubos de terras na Cisjordânia e em Jerusalém. Não haverá paz com justiça sem a reconstrução de Gaza, sem recuperar as terras roubadas, sem punir os responsáveis por crimes de guerra e genocídio, sem o fim do apartheid. Não haverá paz até que o Estado racista e colonial de Israel seja extinto e surja uma Palestina única, livre, democrática e não racista, para onde a diáspora palestina possa regressar, na qual os palestinianos, sejam eles muçulmanos, judeus, cristãos… tenham os mesmos direitos e liberdades. Tudo está por fazer e, enquanto o povo palestino resiste, a nossa tarefa é mobilizar-nos. A Palestina é hoje o símbolo da luta de todos os povos contra a barbárie imperialista. O nosso futuro também depende dessa luta.
Todos e todas à greve do dia 15.
Embargo real de armas e rompimento de relações a todos os níveis com Israel
Palestina livre, do rio ao mar.