As eleições autárquicas de 2025 decorrem num momento de crise social profunda e de deslocamento à direita do regime. Enquanto as populações lidam com salários que não chegam ao fim do mês, rendas incomportáveis e serviços públicos em colapso, o governo da AD prossegue a sua ofensiva neoliberal e reacionária, em sintonia com os interesses dos patrões e as diretrizes da União Europeia. A cada semana surge um novo pretexto para cortar direitos e privatizar o que resta do Estado social — sempre com o mesmo argumento de “modernizar” ou “atrair investimento”.
As autarquias são o primeiro ponto de contacto entre as pessoas e o Estado. É nelas que se sente o abandono das políticas nacionais: o despejo das famílias, o encerramento de escolas e centros de saúde, a degradação dos transportes, o preço das rendas e a falta de habitação. Mas é importante dizê-lo sem rodeios: nenhum município, por mais boa vontade que tenha, pode resolver sozinho os problemas estruturais do país. O poder local está amarrado às políticas nacionais e às imposições orçamentais vindas de cima — do governo, de Bruxelas e dos grandes grupos económicos. É por isso que as eleições autárquicas, embora relevantes, não mudam por si só a vida dos trabalhadores e das populações.
Perante este cenário, BE e PCP confirmam o seu declínio político – ainda que por caminhos opostos. O PCP mantém uma política sectária, que o afasta dos trabalhadores e impede qualquer articulação real de luta. Insiste numa estratégia municipal fechada sobre si própria, “orgulhosamente só”, que recusa convergências com outras forças à esquerda, mas depois, quando convém, aceita acordos pontuais com o PSD ou autarcas de direita. Essa incoerência mina qualquer pretensão de independência de classe: é uma política que se diz “pura”, mas que na prática tem servido para administrar o mesmo sistema que critica.
Já o BE enveredou por uma política oportunista. Multiplica coligações que nada têm de coerentes: junta-se ao PS em Lisboa e Ponta Delgada, e noutros concelhos ao Volt e ao PAN, partidos que partilham programas neoliberais — o Volt, por exemplo, defende abertamente a “flexibilização do mercado de trabalho”, ou seja, facilitar despedimentos e precarizar ainda mais. Nenhum destes partidos aprendeu a lição da geringonça: apoiar ou coligar-se com partidos do arco da governação é um beco sem saída. Estas coligações não representam unidade da esquerda, mas sim uma tentativa de sobrevivência eleitoral.
Ambas as políticas, a do isolamento e a da adaptação, são duas faces da mesma resignação. Enquanto o PCP se fecha numa rotina sem horizonte e o BE se dilui em alianças contraditórias, o governo da AD prepara a reforma laboral mais agressiva desde o 25 de Abril. Em vez de mobilizar as suas bases sindicais e sociais para travar este ataque, BE e PCP concentram-se em garantir lugares nas autarquias — uma prova de que a prioridade destas direções não é a luta, mas a gestão eleitoral do descontentamento. E, enquanto disputam lugares nas autarquias, o governo prepara uma reforma laboral que pode destruir direitos históricos dos trabalhadores. Onde está a mobilização? Onde está a greve geral que poderia travar a ofensiva patronal?
Enquanto isto, o Chega cresce à boleia do desespero social e da frustração com a esquerda institucional. Apresenta-se como “anti-sistema”, mas é cúmplice da AD nas votações mais importantes, desde a lei dos estrangeiros até às medidas laborais. Alimenta o racismo e o medo para desviar a atenção dos verdadeiros responsáveis: os patrões e os governos que servem os seus interesses. A sua presença nas autarquias é uma ameaça direta aos direitos das minorias, aos sindicatos e à liberdade de organização. Enfrentá-lo exige mais do que discursos morais — exige lutas reais, unidade e conquistas concretas que devolvam confiança à classe trabalhadora.
Votar contra os patrões e contra a extrema-direita, sem ilusões
Os trabalhadores não podem depositar confiança cega em nenhum partido do regime. Mas também não podem ficar indiferentes perante a ofensiva da direita e o crescimento da extrema-direita. Por isso, o Trabalhadores Unidos defende um voto crítico à esquerda do PS — um voto contra os partidos que atacam os trabalhadores e as populações, contra a especulação imobiliária, a precarização laboral e a destruição dos serviços públicos.
O voto crítico é uma tática, não uma confiança; é um instrumento para manifestar oposição à ofensiva patronal e ao avanço da extrema-direita, ao mesmo tempo que reafirmamos a necessidade de uma alternativa própria, dos trabalhadores e da juventude. Esse voto crítico deve ser independente e sem ilusões: votar contra os patrões, mas sem acreditar que o BE, o PCP ou o Livre sejam a solução. São forças que, embora apresentem propostas à esquerda, já demonstraram estar comprometidas com o sistema. Ao apelar ao voto crítico, afirmamos que a saída não virá de “boas gestões municipais”, mas da luta organizada e independente da classe trabalhadora.
Ainda assim, compreendemos os que, por descontentamento, optam pelo voto em branco ou nulo como forma de protesto consciente, por não verem, nos seus concelhos, as candidaturas à esquerda do PS como solução. Nesses casos, o voto branco ou nulo é uma opção legítima de rejeição de um sistema político onde todos os partidos do regime — da direita à esquerda institucional — se revezam no poder sem resolver os problemas reais do povo e uma forma de protesto ativo que expressa a rejeição política e moral de um sistema que bloqueia qualquer alternativa real dos trabalhadores.
Independentemente do voto, queremos ser claros: as eleições autárquicas não contribuirão para resolver a crise que atravessa o país. O que pode mudar a vida dos trabalhadores é a luta organizada, nos locais de trabalho, nas escolas, nos bairros. É preciso unir forças para enfrentar a reforma laboral, defender o SNS, exigir habitação digna e salários decentes. As autárquicas passam; a luta de classes continua.
As eleições autárquicas de 2025 decorrem num momento de crise social profunda e de deslocamento à direita do regime. Enquanto as populações lidam com salários que não chegam ao fim do mês, rendas incomportáveis e serviços públicos em colapso, o governo da AD prossegue a sua ofensiva neoliberal e reacionária, em sintonia com os interesses dos patrões e as diretrizes da União Europeia. A cada semana surge um novo pretexto para cortar direitos e privatizar o que resta do Estado social — sempre com o mesmo argumento de “modernizar” ou “atrair investimento”.
As autarquias são o primeiro ponto de contacto entre as pessoas e o Estado. É nelas que se sente o abandono das políticas nacionais: o despejo das famílias, o encerramento de escolas e centros de saúde, a degradação dos transportes, o preço das rendas e a falta de habitação. Mas é importante dizê-lo sem rodeios: nenhum município, por mais boa vontade que tenha, pode resolver sozinho os problemas estruturais do país. O poder local está amarrado às políticas nacionais e às imposições orçamentais vindas de cima — do governo, de Bruxelas e dos grandes grupos económicos. É por isso que as eleições autárquicas, embora relevantes, não mudam por si só a vida dos trabalhadores e das populações.
Perante este cenário, BE e PCP confirmam o seu declínio político – ainda que por caminhos opostos. O PCP mantém uma política sectária, que o afasta dos trabalhadores e impede qualquer articulação real de luta. Insiste numa estratégia municipal fechada sobre si própria, “orgulhosamente só”, que recusa convergências com outras forças à esquerda, mas depois, quando convém, aceita acordos pontuais com o PSD ou autarcas de direita. Essa incoerência mina qualquer pretensão de independência de classe: é uma política que se diz “pura”, mas que na prática tem servido para administrar o mesmo sistema que critica.
Já o BE enveredou por uma política oportunista. Multiplica coligações que nada têm de coerentes: junta-se ao PS em Lisboa e Ponta Delgada, e noutros concelhos ao Volt e ao PAN, partidos que partilham programas neoliberais — o Volt, por exemplo, defende abertamente a “flexibilização do mercado de trabalho”, ou seja, facilitar despedimentos e precarizar ainda mais. Nenhum destes partidos aprendeu a lição da geringonça: apoiar ou coligar-se com partidos do arco da governação é um beco sem saída. Estas coligações não representam unidade da esquerda, mas sim uma tentativa de sobrevivência eleitoral.
Ambas as políticas, a do isolamento e a da adaptação, são duas faces da mesma resignação. Enquanto o PCP se fecha numa rotina sem horizonte e o BE se dilui em alianças contraditórias, o governo da AD prepara a reforma laboral mais agressiva desde o 25 de Abril. Em vez de mobilizar as suas bases sindicais e sociais para travar este ataque, BE e PCP concentram-se em garantir lugares nas autarquias — uma prova de que a prioridade destas direções não é a luta, mas a gestão eleitoral do descontentamento. E, enquanto disputam lugares nas autarquias, o governo prepara uma reforma laboral que pode destruir direitos históricos dos trabalhadores. Onde está a mobilização? Onde está a greve geral que poderia travar a ofensiva patronal?
Enquanto isto, o Chega cresce à boleia do desespero social e da frustração com a esquerda institucional. Apresenta-se como “anti-sistema”, mas é cúmplice da AD nas votações mais importantes, desde a lei dos estrangeiros até às medidas laborais. Alimenta o racismo e o medo para desviar a atenção dos verdadeiros responsáveis: os patrões e os governos que servem os seus interesses. A sua presença nas autarquias é uma ameaça direta aos direitos das minorias, aos sindicatos e à liberdade de organização. Enfrentá-lo exige mais do que discursos morais — exige lutas reais, unidade e conquistas concretas que devolvam confiança à classe trabalhadora.
Votar contra os patrões e contra a extrema-direita, sem ilusões
Os trabalhadores não podem depositar confiança cega em nenhum partido do regime. Mas também não podem ficar indiferentes perante a ofensiva da direita e o crescimento da extrema-direita. Por isso, o Trabalhadores Unidos defende um voto crítico à esquerda do PS — um voto contra os partidos que atacam os trabalhadores e as populações, contra a especulação imobiliária, a precarização laboral e a destruição dos serviços públicos.
O voto crítico é uma tática, não uma confiança; é um instrumento para manifestar oposição à ofensiva patronal e ao avanço da extrema-direita, ao mesmo tempo que reafirmamos a necessidade de uma alternativa própria, dos trabalhadores e da juventude. Esse voto crítico deve ser independente e sem ilusões: votar contra os patrões, mas sem acreditar que o BE, o PCP ou o Livre sejam a solução. São forças que, embora apresentem propostas à esquerda, já demonstraram estar comprometidas com o sistema. Ao apelar ao voto crítico, afirmamos que a saída não virá de “boas gestões municipais”, mas da luta organizada e independente da classe trabalhadora.
Ainda assim, compreendemos os que, por descontentamento, optam pelo voto em branco ou nulo como forma de protesto consciente, por não verem, nos seus concelhos, as candidaturas à esquerda do PS como solução. Nesses casos, o voto branco ou nulo é uma opção legítima de rejeição de um sistema político onde todos os partidos do regime — da direita à esquerda institucional — se revezam no poder sem resolver os problemas reais do povo e uma forma de protesto ativo que expressa a rejeição política e moral de um sistema que bloqueia qualquer alternativa real dos trabalhadores.
Independentemente do voto, queremos ser claros: as eleições autárquicas não contribuirão para resolver a crise que atravessa o país. O que pode mudar a vida dos trabalhadores é a luta organizada, nos locais de trabalho, nas escolas, nos bairros. É preciso unir forças para enfrentar a reforma laboral, defender o SNS, exigir habitação digna e salários decentes. As autárquicas passam; a luta de classes continua.
Por isso, neste domingo, votemos contra os patrões e a extrema-direita, sem ilusões. E, no dia seguinte, voltemos à rua e aos locais de trabalho, para fazer o que nenhum voto faz por si só: mudar o país pela força da organização e da luta da classe trabalhadora.