A crise que vivemos hoje em Portugal é expressão de um regime falido, cujas instituições e protagonistas já não conseguem oferecer qualquer saída para os trabalhadores, para a juventude, para os reformados ou para os imigrantes. O ciclo de governos que se alternam entre PS e PSD, agora agravado por uma extrema-direita cada vez mais ruidosa e por uma esquerda parlamentar rendida ao sistema, mostra que a política portuguesa está presa a uma engrenagem onde o essencial nunca muda: manda o capital, paga o povo.
O que está em causa não é só quem ocupa a cadeira do poder, mas ao serviço de quem ela é ocupada. Os lucros milionários dos grandes grupos económicos continuam a crescer à custa da exploração, da precariedade, da destruição dos serviços públicos e da expulsão de milhares de famílias das suas casas, ao mesmo tempo que os imigrantes são usados como bode expiatório para justificar o retrocesso das condições de vida. Independentemente de quem governe, nada mudará enquanto os interesses dos poderosos ditarem as regras do jogo. Assim, o resultado das eleições de 18 de maio não traz qualquer promessa de mudança.
PS e PSD têm partilhado o poder nas últimas décadas e são os principais responsáveis pela degradação das nossas condições de vida. A direita que agora governa aprofunda os ataques, mas fá-lo com as políticas que o PS abriu caminho: privatizações, benefícios fiscais para os ricos, flexibilização laboral, cortes na saúde e na educação. O PS pode mudar novamente de rosto, mas não mudará o projeto. Já o Chega e a Iniciativa Liberal, mesmo com discursos diferentes, querem aplicar versões ainda mais violentas do mesmo modelo.
Do outro lado, a esquerda parlamentar vem seguindo o caminho da resignação e da adaptação ao regime. O BE, o PCP e o Livre mostram-se cada vez mais disponíveis para regressar a uma nova “geringonça” com o PS, mesmo quando é esse mesmo PS que partilha as responsabilidades pelo colapso do SNS, pela crise da habitação e pela destruição dos direitos laborais. Entre sectarismos internos e oportunismos políticos, não têm oferecido uma alternativa consequente nem têm mobilizado qualquer resposta organizada às ofensivas da direita e dos patrões – e o resultado está à vista.
É por isso que dizemos: está na hora de construir uma alternativa. Uma alternativa que seja realmente dos trabalhadores, da juventude, dos imigrantes e de todos os oprimidos. Uma alternativa que não prometa salvar-nos com pactos parlamentares ou jogos institucionais, mas que esteja enraizada nas lutas reais e na força coletiva de quem resiste todos os dias à exploração, à exclusão e à miséria. Uma alternativa que aponte para um governo dos trabalhadores — construído com base na mobilização, na solidariedade e num programa de rutura com os interesses dos milionários que dominam a política nacional.
Essa alternativa é o Trabalhadores Unidos — um novo partido que está prestes a terminar o seu processo de legalização, nascido da convicção de que é preciso romper com este sistema e construir um novo projeto político ao serviço da maioria da população. Enquanto o TU não pôde ainda participar nestas eleições legislativas, por não ter concluído o processo de legalização, já se está a fazer ouvir nas ruas, nos locais de trabalho, nas escolas e nas greves. Já se está a organizar com quem não desiste de lutar e quer transformar a revolta em ação. Porque sabemos que, sem organização e sem um programa consequente, a raiva contra o sistema será sempre canalizada para becos sem saída — como bem se vê com o crescimento do Chega.
Mas o TU não nasce apenas como resposta à crise atual. Nasce também como herdeiro das esperanças traídas da revolução de Abril. Passados 50 anos do 25 de Abril, o regime que dele resultou já não representa os anseios de quem, em 1974 e 1975, lutava por terra para quem a trabalha, fábricas sob controlo operário, saúde e educação públicas, e uma verdadeira democracia popular. Esse processo revolucionário foi traído pelo MFA, pelo PS e também pelo PCP, que aceitaram limitar a revolução em nome da estabilidade capitalista. O que hoje temos é o resultado direto dessa derrota: um país submisso à União Europeia, ao capital financeiro e aos interesses dos grandes grupos económicos.
Por isso, não celebramos os 50 anos do 25 de Abril como quem celebra o regime atual, mas sim como quem se inspira na coragem de milhares que ousaram construir um mundo novo — e que chegaram a dar passos concretos para o fazer. Queremos um partido revolucionário, profundamente enraizado na classe trabalhadora, capaz de organizar a resistência aos ataques dos patrões e de impulsionar uma nova revolução. Porque, como se viu em 1974, três condições para uma revolução estavam lá: crise nas cúpulas, radicalização popular e vontade de lutar. Faltou a ferramenta essencial: um partido revolucionário com força de massas para derrotar as direções reformistas e levar o processo até ao fim.
O TU existe para fortalecer as lutas e para dizer que não basta resistir: é preciso conquistar. Conquistar salários dignos, serviços públicos gratuitos e de qualidade, habitação acessível, direitos laborais, igualdade para todas as pessoas, fim da precariedade e da exploração. Enquanto os partidos do regime nos dizem para escolher entre o mal menor e a resignação, nós dizemos: chega de escolher entre versões diferentes da mesma política. É hora de construir uma alternativa própria, de classe, socialista, feminista, antirracista e internacionalista. Uma alternativa que esteja do lado dos povos oprimidos do mundo, como o povo palestiniano ou o povo ucraniano — contra todos os imperialismos e contra todas as opressões.
Não queremos apenas participar nas eleições. Queremos construir uma ferramenta coletiva que faça soar no Parlamento a contestação que se constrói nas ruas, sem se tornar refém do sistema ou fazer da atividade parlamentar o seu centro de disputa política. Queremos que as decisões do país sejam tomadas com base nas necessidades de quem trabalha, estuda e vive aqui — não nos interesses dos milionários nem dos fundos de investimento.
Se também sentes que nenhum partido te representa, se também acreditas que é possível mudar este país – e o mundo – a sério, então junta-te a nós. Vamos construir, juntos, o partido que faltou em 1974 — para que, desta vez, o 25 de Abril vá até ao fim.