Pelo Movimento Socialista de Trabalhadoras e Trabalhadores (MST), secção da UIT-QI na República Dominicana.
Unimo-nos à marcha unitária em comemoração da grande Revolução Dominicana de Abril de 1965, em que o povo armado lutou contra o golpe de direita e a invasão do imperialismo norte-americano. Marchamos, 60 anos depois, num contexto em que é urgente a organização e mobilização popular para resistir ao avanço das políticas anti-democráticas, repressivas, anti-trabalhadores, ambientalmente predatórias, misóginas e racistas do governo pró-americano de Luis Abinader. Também marchámos perante a necessidade de enfrentar o avanço do para-militarismo neonazi e, a nível internacional, estamos solidários com os povos que resistem ao imperialismo norte-americano, em especial com o heróico povo palestiniano.
A luta contra o imperialismo americano e as suas botas invasoras em 1965 marcou um ponto de viragem na história da República Dominicana. A luta uniu o povo trabalhador em armas, os sindicatos, as mulheres, os artistas e os intelectuais, os comandos haitianos constituídos por exilados como o escritor Jacques Viau, e os militares, que voltaram as suas armas contra os seus dirigentes corruptos e reacionários. Essa unidade sinalizava a possibilidade de uma República Dominicana diferente, mais democrática, independente, na qual estava aberta a possibilidade de avançar para a liberdade e o socialismo. No entanto, esse caminho foi fechado a sangue e fogo pelos imperialistas invasores e seus servos locais, o que levou à ditadura de Joaquín Balaguer, em 1966.
Passados 60 anos, vivemos hoje num país dominado política e economicamente pelos Estados Unidos, com um governo perremeísta (PRM – Partido Revolucionário Moderno) que entrega a soberania às grandes megaempresas mineiras, como a Barrick Gold, Gold Quest, Unigold e Cormidom; que entrega as terras raras aos gringos e continua amarrado ao tratado CAFTA-DR (Tratado de Livre-Comércio entre Estados Unidos, América Central e República Dominicana); que nega o direito à saúde e à educação públicas, gratuitas e de qualidade; que viola o direito das mulheres à vida, o direito a salários dignos e à liberdade de associação. Vivemos num regime de apartheid, que desnacionaliza a população dominicana de ascendência haitiana, e persegue de forma cruel e brutal a comunidade trabalhadora haitiana. A nível internacional, o governo dominicano apoia incondicionalmente o grande crime contra a humanidade dos nossos tempos, que é o genocídio sionista contra o povo palestiniano em Gaza.
O regime dominicano super-explora o povo trabalhador, ao mesmo tempo que oferece enormes isenções fiscais (mais de 300 mil milhões de pesos no ano passado) aos grandes empresários capitalistas. É um regime criminoso, que apoia e protege os grandes capitalistas, como o proprietário da discoteca Jet Set (Discoteca onde desabou o teto, a 8 de Abril deste ano, onde morreram 232 pessoas, e outros 225 ficaram feridos), enquanto as forças armadas e a Polícia Nacional executam todas as semanas jovens nos bairros e onde o para-militarismo neo-nazi se reúne em bandos criminosos para linchar trabalhadores negros. É um regime que usa o autor da sentença racista 168-13 (sentença emitida pelo Tribunal Constitucional Dominicano em 2013, que retirou, retroativamente, a nacionalidade dominicana a milhares de pessoas, principalmente de ascendência haitiana, nascidas na República Dominicana de pais estrangeiros. Anulou o princípio do direito de cidadania por nascimento e aplicou-o retroativamente a todos os nascimentos ocorridos entre 1929 e 2010, deixando milhares a enfrentar a apatridia), Milton Ray Guevara, para promover novas leis racistas.
Abinader é o herdeiro político de Joaquín Balaguer, e os neo-nazis aspiram a ser os herdeiros dos terroristas da Banda Colorá (grupo parapolicial criado pelo general Enrique Pérez y Pérez na década de 1970 na República Dominicana para desmantelar greves e perseguir jovens revolucionários, torturando-os e fazendo-os desaparecer) da ditadura de Balaguer. O governo apoia Israel porque aspira a consolidar um regime semelhante de opressão racial no coração das Caraíbas, condicionando racialmente os direitos sociais, económicos e políticos.
Marchámos a 27 de abril, pela unidade dos trabalhadores e dos sectores populares, para enfrentar o movimento para-militar fascista e derrotá-lo nas ruas, para defender a dignidade e os direitos democráticos de toda a classe trabalhadora, para enfrentar e derrotar o quadro opressivo e antidemocrático deste regime, que governa há cinco anos através de um estado de exceção de facto.
A nível internacional, enfrentamos o perigo do governo do extrema-direitista Donald Trump, que pretende reocupar o Canal do Panamá, invadir a Gronelândia, transformar Gaza num parque de diversões em cima de uma gigantesca vala comum, dividir o mundo com as outras potências imperialistas, e manter a República Dominicana e o Haiti sob total subordinação.
Hoje, mais do que nunca, é necessário que o exemplo de abril, que é o exemplo da revolução de 1965 e também da revolta popular de 1984, se transforme em organização, mobilização e resistência contra este brutal governo de direita, para que possa surgir de novo a possibilidade de o povo trabalhador tomar o seu destino nas suas próprias mãos e avançar para a libertação.
Não às políticas racistas e xenófobas de Trump e Abinader!
Fora com a Barrick Gold, a Gold Quest, a Unigold e a Cormidom!
Prendam os empresários e funcionários culpados pelo desastre do Jet Set!
Abaixo as quinze medidas racistas de Abinader contra a comunidade trabalhadora haitiana!
Não às deportações em massa, abaixo o estado de emergência!
Unidade e mobilização contra o avanço do fascismo!
Não à reforma laboral, liberdade sindical já!
Pelo direito à vida e à saúde de todas as mulheres!
Fora o imperialismo da República Dominicana, do Haiti e de toda a América Latina e Caraíbas!