Declaração conjunta de diversas organizações socialistas (ver nota no final do texto), 19 de março de 2025
1- Os povos ucraniano e palestiniano estão a ser ferozmente atacados por Trump, Putin e Netanyahu. Netanyahu está a quebrar o acordo de cessar-fogo em Gaza, retomando o genocídio. Trump quer impor um “acordo” na Ucrânia que equivale à sua capitulação e à divisão do país, juntamente com Putin.
2- A mudança de política externa de Trump, que passou do apoio à invasão da Ucrânia por Vladimir Putin, para o lançamento de uma “guerra” tarifária contra os seus velhos aliados capitalistas (Canadá, México e União Europeia), está a provocar uma crise ainda maior na ordem mundial capitalista-imperialista. A administração de extrema-direita de Trump combina ataques ultra-reacionários aos direitos dos migrantes, da comunidade LGBTQ+, das mulheres e dos trabalhadores com uma mudança na política tradicional do imperialismo americano, resultante do seu prolongado declínio económico e político, e da emergência de novas potências imperialistas, como a China e a Rússia. Trump está a provocar uma crise na aliança de longa data entre os Estados Unidos e o imperialismo europeu, um pilar fundamental das relações capitalistas globais desde 1945, que já levou a um programa de armamento sem precedentes por parte das potências europeias.
Trump procura ultrapassar a crise de dominação dos EUA, que continua a ser o imperialismo hegemónico desde o fim da Segunda Guerra Mundial, mas que, na verdade, está a enfraquecer ainda mais. O próprio Trump disse, ao tomar posse,: “Hoje terminou o declínio dos Estados Unidos”, ou seja, reconhecendo a crise que têm vindo a sofrer, ao mesmo tempo que afirma que a vai resolver. Essa “solução” é uma ameaça de invasões e pilhagens em todo o mundo, mas, ao mesmo tempo, ele quer concentrar-se no conflito com o imperialismo chinês. Anúncios bombásticos declaram a intenção de Trump de anexar outros países como o Panamá, a Gronelândia e o Canadá. Do mesmo modo, ameaça com uma guerra contra o Irão. Neste contexto, ele tenta derrotar os povos da Ucrânia e da Palestina.
3- Os socialistas denunciam veementemente a política dos EUA e da extrema-direita de Trump de forçar o governo ucraniano a capitular ao imperialismo russo e impor uma divisão do país e de seus recursos naturais entre as duas potências. Trump mudou a política do imperialismo norte-americano sobre a guerra na Ucrânia, aceitando e legitimando a invasão russa e a anexação dos territórios ocupados. Rejeitamos a proposta de trégua e cessar-fogo de Trump, baseada na entrega de minerais de Zelensky aos EUA e na sua vontade de entregar parte do território ucraniano.
Reiteramos o nosso apoio permanente à resistência ucraniana para expulsar os invasores russos e alertamos para a política burguesa de Zelensky de subordinação às potências ocidentais. Dizemos não à NATO e exigimos a sua dissolução. Os socialistas também defendem o direito da Ucrânia de obter armas de onde quer que seja e apelam a uma renovada campanha de solidariedade internacional com a resistência ucraniana. Condenamos veementemente as forças neo-estalinistas e pacifistas que se recusam a defender a Ucrânia, apoiam o suposto papel anti-imperialista de Putin e agora, objetivamente, concordam com Trump. Tropas russas fora da Ucrânia! Por uma Ucrânia livre, independente de todas as grandes potências! Por um governo operário e popular que nacionalize os sectores-chave da economia!
4- Netanyahu rompeu unilateralmente o acordo de cessar-fogo com a retomada do genocídio, com o apoio de Trump. Perante o terrível genocídio que o Estado sionista está a cometer contra o povo palestiniano, os socialistas devem intensificar o seu apoio à heróica resistência palestiniana. Repudiamos a política de limpeza étnica de Trump, que se juntou a Benjamin Netanyahu na promoção da política de deslocação da população palestiniana para países árabes como o Egito e a Jordânia. Afirmou cinicamente que eles iriam transformar Gaza num destino turístico. Foi o povo palestiniano de Gaza que já respondeu a Trump com actos de que não tenciona abandonar a Faixa, com centenas de milhares, famílias inteiras, a regressaram às suas casas, muitas delas destruídas, no norte de Gaza, de onde tinham sido expulsos por Israel. “Gaza é a nossa casa”, afirmam abertamente os palestinianos. O seu regresso é a derrota do sionismo e de Trump. Esta é a expressão da heróica resistência palestiniana.
Os países do Médio Oriente devem apoiar os seus irmãos e irmãs em Gaza e na Cisjordânia com ajuda e armas. Os trabalhadores e as organizações populares de todo o mundo devem impor um boicote contra o Estado terrorista israelita. Apelamos aos socialistas para que intensifiquem a luta contra as forças pró-sionistas no seio do movimento operário internacional. Lutamos por uma Palestina livre, democrática, não racista e secular, do rio ao mar. Os socialistas também denunciam a campanha de bombardeamento maciço de Trump contra o Iémen. Nós dizemos: derrotar o imperialismo dos EUA – defender o Iémen!
5- Reiteramos o nosso apoio à Revolução Síria, que conseguiu derrubar a tirania de Assad a 8 de dezembro do ano passado. Hoje, as tarefas dos socialistas na Síria são lutar contra qualquer tentativa de reaparecimento da contrarrevolução assadista, reconstruir as organizações populares e da classe trabalhadora em oposição ao novo governo burguês do HTS, e lutar pela igualdade entre gêneros, etnias e grupos religiosos. Denunciamos a tentativa contrarrevolucionária dos apoiantes do ditador Assad na costa mediterrânica. Ao mesmo tempo, repudiamos o massacre dos alauítas pelo governo do HTS. Denunciamos as forças estalinistas e chavistas que se colocaram vergonhosamente ao lado da ditadura de Assad e dos seus senhores russos e iranianos desde o início da Revolução Síria em março de 2011. Por um governo operário e popular que nacionalize os sectores-chave da economia sob o controlo dos trabalhadores e abra caminho a uma Síria socialista! Fora com todas as bases e forças militares da Rússia, dos EUA, de Israel e da Turquia!
6- Os socialistas opõem-se fortemente às ameaças de Trump contra países semi-coloniais como o Panamá ou o México – desde a imposição de tarifas a ataques militares ou mesmo à anexação. Apoiamos o direito desses países a defender os seus interesses por todos os meios necessários – económica, política e militarmente. Ao mesmo tempo, não damos qualquer apoio político a governos burgueses, sejam eles de direita ou de centro-esquerda. Apelamos a uma ampla campanha de solidariedade internacional contra a ingerência imperialista na América Latina! Yankees e todos os outros imperialistas – mãos fora da América Latina!
7- Os socialistas defendem a solidariedade internacional dos trabalhadores e oprimidos e as lutas conjuntas além-fronteiras. Apelamos ao movimento de trabalhadores nos países imperialistas para que organizem a solidariedade prática com os migrantes, para que exijam direitos iguais e para que se oponham ao controlo racista das fronteiras.
Trump, Putin e Netanyahu fora da Ucrânia e da Palestina!
Abaixo o genocídio em Gaza!
Não ao “acordo” colonial de Trump para a Ucrânia! Vitória para a resistência ucraniana e palestiniana!
Armas para a resistência ucraniana e palestiniana!
Contra os planos de armamento das potências imperialistas!
Signatários:
- Liga Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional (LIT-QI, www.litci.org)
- Unidade Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional (UIT-QI, www.uit-ci.org)
- Tendência Internacional Comunista Revolucionária (RCIT, www.thecommunists.net)
P.S. Convidamos as organizações que concordam com esta declaração a juntarem-se a ela e à campanha.
