Trump alia-se ao ditador Putin no escândalo da Sala Oval

3 de Março, 2025
3 mins leitura

Miguel Angel Hernandez, dirigente do PSL da Venezuela e da UIT-CI

No dia 28 de fevereiro o mundo assistiu, chocado, a um confronto escandaloso entre o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e Donald Trump, na Sala Oval da Casa Branca.

Foi uma situação sem precedentes no contexto mundial. Um fascista de ultra-direita como Trump, solto como um “xerife”, apoiando outro ultra-direitista como Putin. Mostrando descaradamente que querem que a Ucrânia e o seu povo se rendam e entreguem 20% do seu território à Rússia, e os seus recursos minerais e energéticos.

A emboscada contra Zelensky foi iniciada pelo vice-presidente dos EUA, J.D. Vance, que disse a Zelensky que ele estava a ser “desrespeitoso” para com os americanos e que devia agradecer a Trump.

Zelensky tinha alegadamente visitado os EUA para assinar um acordo com o presidente de extrema-direita Trump para explorar as chamadas “terras raras” e outros recursos mineiros e energéticos na Ucrânia. No entanto, a conferência de imprensa que estavam a dar terminou de forma tensa, com os dois a gritarem, e Trump chegou a ordenar a Zelensky que se calasse. Zelensky acabou por não ter outra alternativa senão levantar-se e deixar os EUA sem assinar o acordo que Trump queria.

O que ficou bem patente é que Trump está do lado de Putin e do imperialismo russo, e com a sua atitude intempestiva procurou humilhar Zelensky, mas sobretudo o povo ucraniano, que luta há três anos, enfrentando a invasão do exército russo, e sofrendo as calamidades de uma guerra onde já morreram milhares de soldados e civis.

Desde 2022, quando o exército russo atravessou a fronteira com a Ucrânia, tanto a União Europeia como os Estados Unidos adotaram uma posição morna face à agressão de Putin. Primeiro, Biden e Macron tentaram que Zelensky abandonasse o país e se rendesse, e, perante a sua recusa, limitaram-se a fornecer armamento defensivo à Ucrânia; nunca quiseram fornecer-lhe aviões ou tanques de última geração. O objetivo do imperialismo europeu e norte-americano nunca foi a derrota da Rússia, mas sim chegar a uma negociação favorável aos interesses do imperialismo norte-americano.

Agora Trump está a fazer uma inversão de marcha e a avançar agressivamente para um acordo com Putin, sem ter em conta a Europa. O que ele procura é controlar política e economicamente a Ucrânia, dividindo o país com a Rússia, que, num eventual acordo de paz, manteria 20% do território que já ocupa, bem como a península da Crimeia, sob o seu controlo desde 2014. Os Estados Unidos ficariam com as “terras raras”, minerais de grande importância para o desenvolvimento de novas tecnologias, bem como com o petróleo e o gás ucranianos. Uma distribuição imperialista ao estilo do século XIX, como muitas outras que tiveram lugar na história à custa dos povos.

Nos últimos 3 anos, a política do governo capitalista de Zelensky foi apoiar-se no imperialismo, tanto europeu como americano, e aplicar medidas favoráveis à oligarquia corrupta da Ucrânia, em detrimento do povo, que está na linha da frente e faz o maior esforço para enfrentar a agressão imperialista de Putin. O imperialismo norte-americano responde humilhando o povo ucraniano, que com a sua vida enfrentou a agressão da Rússia.

Desde o primeiro momento, a UIT-QI tomou o partido da nação agredida, neste caso a Ucrânia, e demos todo o nosso apoio à resistência do povo ucraniano que enfrentou a invasão de Putin, sem dar qualquer apoio político ao governo de Zelensky e dizendo “Não à NATO”.

Infelizmente, a esquerda reformista, constituída pelo castro-chavismo, pelo estalinismo e pelo centro-esquerda mundial, colocou-se do lado de Putin, o agressor do povo ucraniano. Agora é contraditório que estejam unidos com o ultra-direitista Trump, que por sua vez faz um pacto com Putin.

Desde a Unidade Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional, chamamos a manter a solidariedade com a luta do povo ucraniano contra a invasão russa, a partir de uma posição de independência política contra o governo de Zelensky, assim como contra os planos do imperialismo russo e de Trump para dividir o país.

Repudiamos o ultra-direitista Trump, que pretende dar a vitória na Ucrânia ao ditador Putin, ao mesmo tempo em que ratifica seu apoio ao genocídio perpetrado por Israel contra o povo palestino em Gaza.

Trump junta-se a Netanyahu e aos seus ministros fascistas na promoção da política de deslocação da população palestiniana para países árabes como o Egito e a Jordânia. Afirmou cinicamente que iriam transformar Gaza na “Riviera do Médio Oriente”, uma referência à Riviera Francesa, a estância balnear e de verão dos milionários do mundo. Trump chegou ao ponto de divulgar um vídeo abominável dele e de Netanyahu numa alegada praia de Gaza.

Foi o povo palestiniano de Gaza que já respondeu a Trump, quando centenas de milhares de palestinianos regressaram ao norte destruído da faixa, confirmando que não tencionvam abandonar a sua terra.

A partir da UIT-QI apelamos à mais ampla unidade para se mobilizar em todo o mundo, em repúdio a Trump e em apoio ao povo ucraniano e à heróica resistência do povo palestiniano.

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