Por Miguel Lamas, dirigente da UIT-QI
Os sindicatos palestinianos apelam a um Dia Mundial de Ação, no dia 15 de maio, 77º aniversário da Nakba: apelam à “intensificação da pressão para sanções imediatas, legais e específicas contra Israel, incluindo um embargo militar total”.
Nakba significa ‘catástrofe’ em árabe, e o ‘Dia da Nakba’ foi designado pelos palestinianos como 15 de maio de 1948, por ser o dia seguinte à fundação do Estado de Israel, que expulsou os palestinianos das suas casas e terras de origem.
Colonização imperialista e sionista
O imperialismo americano e britânico foi decisivo na fundação de Israel, como instrumento para dominar o Médio Oriente e apoderar-se das suas riquezas, sobretudo dos hidrocarbonetos.
Israel foi fundado com a expulsão dos palestinianos, com as suas terras entregues a imigrantes judeus da Europa, Rússia, Ucrânia, Polónia, Alemanha, Argentina e outros países do mundo. O argumento sionista era que esta era a ‘terra prometida’, a terra dos seus supostos antepassados judeus de há 2000 anos. Isso era absurdamente falso. Quase nenhum dos imigrantes judeus que ocuparam a Palestina tinha antepassados reais na região. Apenas uma minoria judaica semita ali vivia, convivendo pacificamente durante séculos com outros árabes semitas de diferentes religiões, incluindo cristãos. Só no século VII é que o Islão se tornou a religião maioritária.
A Nakba de 1948 continuou a agravar-se nos anos seguintes. A maioria dos palestinianos foi expulsa das suas casas e territórios e dezenas de milhares foram mortos.
Israel também atacou, em diversas ocasiões, Estados árabes vizinhos como o Líbano, o Egito e a Jordânia.
Muitos dos palestinianos tiveram de se refugiar noutros países. Um número significativo foi para a Cisjordânia e para Gaza, que, no seu conjunto, constituem 22% do território da Palestina histórica e onde hoje resistem cinco milhões de palestinianos.
Há trinta anos, foi acordado entre Israel e a Organização de Libertação da Palestina (OLP) a criação de um Estado palestiniano no país (os Acordos de Oslo). Mas isso nunca aconteceu. Israel não o permitiu. Por isso, invadiu a Cisjordânia e agora Gaza.
Parar o genocídio
Nos últimos 19 meses, desde a nova invasão de Gaza por Israel, mais de 61.700 palestinianos foram mortos, 70% dos quais mulheres e crianças. A resistência heróica impediu até agora que Israel dominasse completamente a Faixa e expulsasse os 2 milhões de palestinianos, como anunciado e com o apoio aberto de Donald Trump.
As mobilizações de solidariedade com a Palestina dos povos do mundo também continuam. No dia 2 de maio, mais de um milhão de pessoas marcharam no Iémen, que tem o único governo árabe solidário com a Palestina, e que foi bombardeado várias vezes pelos EUA. No dia 12 de abril, um milhão de pessoas marchou também no Bangladesh. Recentemente, houve grandes marchas em Marrocos, no Líbano, em França, no Canadá, nos Estados Unidos, no Reino Unido, na Síria, entre outros países.
Na Palestina, em Gaza e na Cisjordânia, os sindicatos apelam à intensificação desta solidariedade, com manifestações no Dia da Nakba, a 15 de maio, e à exigência de sanções contra Israel e do cancelamento de todas as entregas de armas por parte dos EUA e da Europa. As organizações solidárias com a Palestina de diferentes países propuseram-se apoiar estas manifestações no Dia da Nakba e durante essa semana.
A partir da Unidade Internacional de Trabalhadoras e Trabalhadores – Quarta Internacional (UIT-QI), apoiamos este apelo à mobilização mundial em defesa do heróico povo palestiniano, contra todas as entregas de armas a Israel, contra o genocídio e a tentativa do criminoso Netanyahu, com o apoio do ultra-direitista Donald Trump, de anexar Gaza, matando e expulsando palestinianos.
Os governos e monarquias árabes e do Médio Oriente, com exceção do regime Houthi no Iémen, nada fazem para apoiar a luta do povo palestiniano, limitam-se a declarações tépidas, quando deveriam romper todas as relações com Israel e apoiar as organizações da resistência com armas e recursos.
Exigimos um cessar-fogo imediato, a retirada de todas as tropas israelitas e o respeito pela integridade de Gaza como parte da Palestina; bem como a libertação imediata de todos os postos fronteiriços para garantir a entrada de alimentos, medicamentos, combustível e água, e o restabelecimento imediato da eletricidade. Repudiamos o bombardeamento do Iémen pelos EUA e exigimos a retirada imediata das forças israelitas do sul da Síria e do Líbano. Rejeitamos a detenção ilegal e a ameaça de deportação de activistas que defendem a liberdade dos palestinianos, como aconteceu nos Estados Unidos e na Alemanha. Romper as relações políticas, diplomáticas, comerciais, culturais e académicas com Israel. Por uma Palestina única, laica, democrática e não racista: Palestina livre do rio ao mar!