Guerra na Ucrânia

Três anos após a invasão russa: Não à divisão imperialista da Ucrânia

24 de Fevereiro, 2025
4 mins leitura

Por UIT-QI

Na véspera do terceiro ano da invasão russa da Ucrânia, as tropas russas têm a iniciativa e estão a avançar lentamente. Com falta de armas, e com dificuldades em recrutar para permitir a rotação na linha da frente, a Ucrânia está a passar por dificuldades. Nesta situação, e com a chegada de Trump à Casa Branca, foram abertas negociações entre os EUA e a Rússia sobre a Ucrânia.

Tal como Israel é um interesse estratégico do imperialismo norte-americano e isso dá carta branca ao sionismo para cometer as maiores atrocidades, a Ucrânia sempre foi uma moeda de troca entre os imperialismos. O objetivo do imperialismo europeu e dos EUA nunca foi a derrota da Rússia, mas sim chegar a uma negociação favorável aos interesses do imperialismo norte-americano, daí tantas dificuldades no fornecimento de armamento, então e agora. E Trump acredita que chegou a hora de forçar a questão. O conteúdo das negociações não é alcançar uma paz justa, mas como proceder à divisão da Ucrânia entre os dois imperialismos, entre a Rússia e os EUA. Putin fica com as terras ocupadas e os EUA com a riqueza em “terras raras”. Uma divisão imperialista como tantas outras na história, à custa dos povos.

O governo de Zelensky é excluído das negociações entre as duas potências para esta divisão da Ucrânia e, para encobrir a sua tentativa de colonizar a Ucrânia e o povo ucraniano, Trump retoma a queixa de Putin de que não há um negociador ucraniano legítimo, e lança um discurso contra Zelensky, a quem acusa de ser responsável pela guerra, e de ser um ditador que não quer eleições; acusações que despertam o entusiasmo do Kremlin.

Desde 24 de fevereiro de 2022, o único agressor foi o imperialismo russo, com Putin à cabeça, que invadiu a Ucrânia com os seus tanques e tropas. A nação atacada foi a Ucrânia. A causa justa está do lado do povo ucraniano, que saiu à rua para resistir à invasão. É por isso que nós, socialistas revolucionários, nos colocámos desde o primeiro dia ao lado do povo ucraniano, sem dar qualquer apoio político ao governo de Zelensky, e dissemos Não à NATO.

Os EUA e a Rússia excluem da mesa os imperialismos europeus, que vêem como estão a recuar no concerto imperialista mundial. A sua impotência e divisão interna é mais notória do que nunca com países diretamente governados por sectores de extrema-direita ou ascendentes, alinhados com Moscovo, como Orban na Hungria, ou Le Pen em França ou AFD na Alemanha.
É insultuoso que Trump critique Zelensky por não ter convocado eleições no meio da guerra, quando Putin se livrou de toda a oposição, à esquerda na prisão ou no exílio, e a direita liberal, com Navalni, envenenado. Com Trump, o imperialismo está a tirar a máscara e, a seu lado, Elon Musk e outros magnatas do grande capital esfregam as mãos para roubar a riqueza ucraniana.

A política do governo capitalista de Zelensky era confiar tudo aos imperialismos e, como já aconteceu tantas vezes, o interesse dos imperialismos nunca foi a liberdade dos povos. O governo ucraniano continua a querer agradar aos imperialismos, por isso até deixou em aberto a possibilidade de continuar a negociar com os EUA a percentagem que lhes poderia dar das suas riquezas minerais. Entretanto, continua a aplicar medidas a favor da oligarquia e a privatização dos serviços públicos e das universidades, que os obrigam a pagar os custos da guerra e desmoralizam os trabalhadores, que são os que mantêm a frente contra a invasão russa.

Havia, e há, outra política exigida pela esquerda política e sindical ucraniana, enquanto lutava na linha da frente contra a invasão russa. A esquerda ucraniana exigiu que o governo interviesse nas grandes fortunas da oligarquia associada às grandes multinacionais, a fim de colocar esses fundos e a economia ao serviço da luta na frente e das grandes necessidades das massas, que são as que suportaram com morte e sofrimento a defesa da Ucrânia.

Mas há também uma responsabilidade muito grande da maioria da esquerda reformista mundial que se colocou do lado do agressor imperialista Putin. Isolaram a luta de resistência dos trabalhadores e do povo ucraniano e da sua esquerda política e sindical, acusaram o povo ucraniano de ser um instrumento da NATO, de ser um povo de extrema-direita, e tantas outras falsificações. Chegam mesmo a denunciar a esquerda revolucionária que apoia o povo ucraniano como “agentes da NATO”.

Agora é grotesco que ao coro do castro-chavismo, do estalinismo dos PC’s ou de sectores do centro-esquerda como Podemos, entre outros, que têm dado o seu apoio a Putin como suposto “anti-imperialista”, se tenha juntado nada mais nada menos que Trump e o atual chefe do imperialismo. A ala mais fascista do imperialismo norte-americano e o chefe da NATO. O mesmo Trump que lança uma operação criminosa contra os migrantes, que ameaça os direitos das mulheres, das pessoas LGBTQI+, que quer transformar Gaza num resort depois de aplicar uma limpeza étnica contra o povo palestiniano. Trump, ao justificar as ambições expansionistas de Putin, procura reafirmar as suas próprias ambições no Panamá, na Gronelândia ou as do Israel sionista no seu genocídio do povo palestiniano.

Os planos de Trump e dos imperialismos na Ucrânia e na Palestina devem ser derrotados. A Unidade Internacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras – Quarta Internacional apoiou o envio de ajuda à esquerda anti-autoritária e aos sindicatos ucranianos, que enfrentam a invasão, ao mesmo tempo que os planos do governo de Zelensky. Apelamos a desenvolver ainda mais a solidariedade com a luta pela liberdade do povo ucraniano, a partir de uma posição independente da classe trabalhadora e popular, contra a invasão do imperialismo russo, e contra os planos de Trump e da NATO. Apelamos a apoiar também a resistência da esquerda russa, que se opõe à invasão e que está a ser duramente reprimida por Putin e pelo seu aliado, o ditador Lukashenko da Bielorrússia.

Solidariedade com a resistência do povo ucraniano. Tropas russas fora da Ucrânia.
Não ao plano imperialista de Trump e Putin para dividir a Ucrânia.
Solidariedade contra a repressão da esquerda na Rússia e na Bielorrússia.

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