No dia 4 de novembro, o governo da AD lançou a campanha “Portugal Sempre Seguro”, argumentando tratar-se de uma iniciativa para fortalecer a “perceção de segurança” no país. Esta campanha vem associada a uma narrativa perigosa, que associa a imigração ao aumento da criminalidade e tenta justificar a intensificação de operações policiais e de vigilância com objetivos pouco claros.
Desde o seu lançamento, já foram feitas duas rusgas na zona circundante ao Martim Moniz, em Lisboa, onde vivem muitos trabalhadores imigrantes de origem sul asiática. As duas rusgas não revelaram nada que justifique todo o alarmismo à volta de um suposto aumento da criminalidade associado ao aumento da imigração no país.
Na realidade, o que esta campanha alcançou foi deixar a nú a forma doentia com que o governo tem aproveitado este discurso securitário para marginalizar ainda mais a comunidade imigrante e utilizá-la como bode expiatório. Esta criminalização acarreta consequências graves e alimenta a xenofobia, desviando a atenção dos problemas reais do país, como o trabalho precário e a falta de acesso a serviços públicos de qualidade. Enquanto isso, os verdadeiros abusos laborais e as desigualdades estruturais que afetam tanto portugueses quanto imigrantes continuam a ser ignorados.
Não vemos rusgas destas nas grandes herdades no Alentejo – que se aproveitam de imigrantes mal pagos e sem direitos. Não vemos os donos das grandes celuloses, principais responsáveis pelos incêndios que devastam o país todos os anos, encostados à parede. Não vemos grandes operações de fiscalização da especulação imobiliária ou dos preços inflacionados praticados pelas grandes superfícies comerciais.
O que o governo quer não é acabar com a sensação de insegurança, mas precisamente o oposto: fomentá-la e utilizá-la para aumentar a exploração de todos os que trabalham em Portugal. Não se trata de segurança, mas de controlo social e manipulação da opinião pública para proteger os interesses das elites que, através da austeridade e da precariedade, continuam a retirar direitos à classe trabalhadora, seja ela autóctone ou imigrante.
Portugal não precisa de mais operações especiais ou narrativas de medo. Precisa de políticas que garantam os direitos de todos os que aqui vivem e trabalham. A verdadeira segurança só será garantida quando houver igualdade, condições de trabalho dignas e serviços públicos acessíveis para todos!
Por isso, dia 11 de Janeiro nos juntamos à manifestação “Não nos encostem à parede”, às 15 horas na Alameda em Lisboa. Junta-te a nós!