Por Unidade Internacional de Trabalhadoras e Trabalhadores – Quarta Internacional
Viva a luta do povo palestiniano!
Um ano depois do 7 de outubro, Israel continua o genocídio em Gaza, com mais de 42.000 mortos e quase 100.000 feridos, além de milhares de desaparecidos sob os escombros; intensifica a ofensiva na Cisjordânia, com centenas de mortos e milhares de detidos; e está agora a atacar o Líbano com quase 2.000 mortos (mais do que na invasão de 2006) e 10.000 feridos. Bombardeou a Síria e ameaça estender a guerra ao Irão. Numa corrida desenfreada, Netanyahu procura um maior envolvimento dos EUA e de outros imperialismos europeus, indispensáveis à sua ofensiva global na região.
No Líbano, os bombardeamentos efectuados com aviões F-35 fornecidos pelos EUA foram precedidos pelos atentados terroristas em que centenas de “pagers” e, no dia seguinte, “walkie-talkies” explodiram simultaneamente em diferentes zonas do Líbano, matando 46 pessoas e ferindo mais de 3.000. Israel bombardeou depois Beirute, assassinando o Secretário-Geral do Hezbollah, Hassan Nasrallah, juntamente com um comandante iraniano e outros membros da resistência no Líbano. Anteriormente, tinha assassinado o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, e parte da sua família na capital do Irão, Teerão. Isto porque Netanyahu precisava de apresentar um “sucesso”, ao não poder esconder o fracasso da operação de Gaza em atingir os seus três objectivos: os reféns não foram libertados, Gaza não está sob controlo e o Hamas e a resistência palestiniana não foram eliminados.
Netanyahu sabe que continuar o genocídio e prolongar o conflito é sinónimo de continuar o domínio da extrema-direita sionista. Ao mesmo tempo, os tambores de guerra permitem-lhe proibir novas manifestações e silenciar as vozes que exigem a sua demissão e um acordo de cessar-fogo que permita a libertação dos reféns. Para além da crise política, mais de meio milhão de israelitas fugiram do país, que atravessa uma grave crise económica. A política israelita consiste em continuar a sangrar Gaza, onde já lançou mais bombas do que os Estados Unidos na invasão do Iraque, e em acelerar a expulsão dos palestinianos das suas terras e casas na Cisjordânia para as entregar aos colonos. Bombardearam com os seus aviões um campo de refugiados em Tulkarem, matando 18 pessoas, um crime hediondo. O Estado sionista arma e dá carta branca aos colonos para cometerem violência e assassinarem palestinianos.
A expansão, a ocupação de mais território e a limpeza étnica aprofundam-se, fazendo avançar o seu projeto do ‘Grande Israel’. O ministro da Educação de Israel foi claro: “Não há diferença entre o Hezbollah e o Líbano. O Líbano será aniquilado. Deixará de existir”. A destruição no sul do Líbano é brutal, seguindo o padrão de Gaza. Centenas de milhares de pessoas tiveram de fugir para norte, enquanto os sírios refugiados (mais de 1,5 milhões), que tiveram de fugir e que já viviam em condições difíceis no Líbano, são pressionados a regressar à Síria. Mas, tal como – apesar da absoluta superioridade tecnológica e militar – Israel não conseguiu conquistar o controlo de Gaza, a resistência no Líbano também está a causar mortes entre as tropas invasoras. Entretanto, as tropas da ONU, que, segundo os acordos de 2006, deveriam impedir a ação militar no sul do Líbano, escondem-se nos seus quartéis para deixar o exército sionista atuar. E, finalmente, o Governo israelita declara o Secretário-Geral da ONU persona non grata. Tudo isto mostra o carácter agressivo e fascista do sionismo e do governo de Netanyahu.
Como é possível tamanha arrogância e impunidade do Estado de Israel? Israel não é apenas o projeto racista do sionismo, é um projeto estratégico do imperialismo mundial. Um enclave imperialista num local vital para o controlo de uma zona de grandes recursos energéticos. Um porta-aviões imperialista contra os povos do Médio Oriente. Como disse Biden, “se não existisse, teria de ser inventado”. Israel sabe que é indispensável. E foram estas potências que subordinaram os regimes árabes, como o Egito, a Jordânia, Marrocos, o Qatar, a Arábia Saudita, e os Emirados Árabes Unidos, ao projeto imperialista e ao Estado de Israel. Regimes que deixaram sozinha a resistência palestiniana e que, durante décadas, permitiram que o sionismo criminoso e genocida atuasse impunemente, enquanto na Cisjordânia contam com o papel colaboracionista da Autoridade Palestiniana. Sem esta cumplicidade imperialista e os recursos que lhe são afetados, o Estado de Israel seria inviável.
Todas as máscaras estão a cair. Os EUA deixam cair as falsas palavras de paz, para anunciar que apoiam o ataque de Israel ao Líbano e uma eventual resposta conjunta (possivelmente com algum outro Estado europeu) contra o Irão. Biden cinicamente “pede” que os poços de petróleo não sejam bombardeados. Aprovam uma nova ajuda militar a Israel de 8,7 mil milhões de dólares e aumentam as tropas na região, os navios de guerra e os aviões de combate. A União Europeia, com a Alemanha à cabeça (que vende 30% das armas que Israel importa), é cúmplice do genocídio sionista. E na Alemanha, em França ou no Reino Unido, as manifestações massivas de solidariedade com o povo palestiniano são reprimidas.
Não há outra forma senão reforçar a solidariedade. Todo o apoio à resistência do povo palestiniano e agora do povo libanês. As mobilizações encheram as ruas de todo o mundo: nos EUA, com as importantes mobilizações da juventude estudantil, e também de judeus não sionistas, com concentrações de protesto nas convenções democratas; recentemente, teve lugar no Estado Espanhol uma greve geral de apoio ao povo palestiniano, convocada por algumas centrais sindicais, que foi acompanhada de importantes mobilizações; os povos identificam-se com o povo palestiniano como um símbolo de luta contra a opressão imperialista. É preciso abalar a rede de cumplicidade imperialista e aprofundar o isolamento do regime sionista.
Exigimos:
-Israel fora de Gaza, da Cisjordânia e do Líbano.
-Libertação imediata das pessoas presas.
-Entrada urgente de ajuda humanitária.
-Que os governos do mundo rompam relações diplomáticas, políticas, económicas, militares, académicas e culturais com Israel. Não ao envio de armas!
-Não à repressão do movimento de solidariedade com a Palestina.
-Por uma Palestina única, laica, democrática e não racista!
Viva a Palestina livre do rio ao mar!