Por UIT-QI, Unidade Internacional de Trabalhadoras e Trabalhadores – Quarta Internacional
No encontro nacional de dirigentes sindicais, políticos e sociais, realizado no sábado, 29 de março, na Universidade do Panamá, a Aliança Povo Unido pela Vida (Alianza Pueblo Unido por la Vida), que reúne diferentes organizações sindicais e populares, acordou continuar a luta pela soberania nacional, em defesa do Canal, contra a tentativa do Presidente Mulino de reabrir a mina de cobre, pela revogação da Lei 462 (que privatiza a ‘Caixa’ de Segurança Social, condenando a classe trabalhadora a pensões de miséria e à deterioração da saúde pública), assim como contra a construção da barragem do Rio Indio, que implicaria a expulsão dos habitantes da região, e contra a repressão dos que lutam, nomeadamente os estudantes da Universidade do Panamá.
Na reunião, a Frente de Ação dos Professores, o Sindicato Nacional de Educadores do Panamá e o Sindicato Nacional de Educadores para a Qualidade da Educação Panamiana anunciaram uma greve de 48 horas para os professores nos dias 3 e 4 de abril, uma ação que foi apoiada pelo Suntracs (Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Construção Civil e Afins) e pelos outros sindicatos e sectores presentes.
Também foi acordado um plano de luta, com: piquetes em locais públicos nos dias 2 e 9 de abril; uma nova reunião do sindicato dos professores, no dia 5 de abril; na segunda-feira, 7 de abril, um dia nacional anti-imperialista pela soberania do Panamá, tendo em vista a visita do Secretário da Defesa dos EUA, Pete Hegseth, e contra a presença de tropas, aviões e navios do exército imperialista dos EUA, cujo objetivo é eventualmente estabelecer bases militares no país, controlar o Canal do Panamá e estabelecer uma plataforma de agressão contra os povos da América Latina.
Além disso, como parte do plano de luta, foi acordada a realização de uma grande marcha nacional no dia 24 de abril. Os representantes sindicais, camponeses e populares, presentes na reunião, não descartaram a possibilidade de convocar uma greve por tempo indeterminado, se não houver uma resposta satisfatória do governo às diferentes reivindicações.
Donald Trump já reafirmou, desde a sua ascensão à presidência dos Estados Unidos, as suas intenções de assumir o controlo do Canal do Panamá, mesmo que seja pela força, como tinha anunciado durante a campanha eleitoral. As pressões sobre o Panamá foram manifestadas pela presença no país, em fevereiro, do chefe do Comando Sul dos EUA, Alvin Holsey, e do Secretário de Estado, Marco Rubio. Recentemente, o novo embaixador do imperialismo norte-americano, Kevin Cabrera, atacou as universidades do país, numa clara demonstração da ingerência abusiva e desavergonhada do governo Trump, ao assinalar que “a influência chinesa no Panamá está a expandir-se para outras áreas fora do Canal, estabelecendo acordos com universidades públicas panamenhas para a criação de Institutos Confúcio, bem como relações com a estação de televisão estatal Sertv”.
Por sua vez, o presidente José Raúl Mulino mostrou-se disposto a satisfazer as exigências do imperialismo norte-americano e, numa atitude claramente submissa, anunciou, após a audiência de Rubio, que o Panamá não renovaria a sua participação na Iniciativa Nova Rota da Seda, promovida pela China, e que o governo panamenho está mesmo a considerar a possibilidade de a rescindir antes da data prevista para o seu termo.
Trump tem vindo a lançar uma agressiva ofensiva contra-revolucionária, tentando inverter a crise de dominação do imperialismo norte-americano, subjugando os imperialismos menores (Europa, China, Rússia), e simultaneamente tentando derrotar as lutas das massas, e aumentar as quotas de exploração da classe trabalhadora nos Estados Unidos e à escala global. É neste quadro que devemos encarar as ameaças que se colocam ao Panamá, à Gronelândia, a política de imigração xenófoba e racista, bem como as tarifas aduaneiras, que aplica mesmo a aliados históricos como o México e o Canadá.
Da parte da Unidade Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional, somos solidários com o povo trabalhador do Panamá e, da parte da nossa secção panamenha, Propuesta Socialista, associamo-nos às acções de protesto e à greve dos professores anunciada para sábado, 29 de março. Associar-nos-emos também à jornada anti-imperialista e pela soberania do Panamá no dia 7 de abril, realizando várias ações de solidariedade nos diferentes países onde estamos presentes.